"SAPATOS"

Hoje era para ser um dia importante.
Um dia de nós dois...
Mas não somos um nós, e para falar a verdade, hoje, nem sequer me sinto ‘’um’’!
A indiferença é como um sapato apertado...
No começo fingimos que não incomoda, aparentemente sorrimos como quem nada sente, mas com o tempo, se insistirmos, a dor vai aumentando minuciosamente devagar, mas tão intensa, tão intensa, que se não arrancarmos o sapato e não o jogarmos para longe, o ‘’mundo’’ certamente acaba em dor.
E é assim que eu me sinto, com um sapato apertado que me tortura em dor.
E tudo que eu quero, é parar de pensar no quanto eu gosto dele, no quanto ele combina comigo, e fazer logo a troca, ou no mínimo, aceitar de uma vez o fato de que esse não é o meu número e nem meu sapato perfeito.
Talvez ele até seja perfeito,enfim.. mas não é meu,enfim..
Mas sabe o que me inspira e me consola? O alivio!
Porque todos sabem que depois de tirar um sapato apertado, a impressão que temos é que ele nunca apertou, e nesse momento, sem dor, só nos restam as lembranças...
E a dor que eu certa sei que senti intensamente, não mais consigo materializar.
E é fantástico esses sentimentos que mal posso traduzir em palavras, de tão importantes que são.
E o curioso, incrível e fascinante é que mesmo depois de jogar o sapato que eu odeio,
( por não odiar) , na parede, com a raiva que eu sinto do mundo estar feliz, com a infelicidade da inveja, e com a vergonha do que eu sinto mesmo não querendo sentir, depois de livre da dor, depois de vazia.
Ainda assim me sinto feliz, pois só me restam as lindas lembranças do sapato perfeito, que sonhei que eram meus, mas que não me servem...

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